PINELOPI TRIANTAFYLLOU
PINELOPI TRIANTAFYLLOU develops an interdisciplinary artistic practice, crossing visual art, social engagement, and sensory experience. She creates tactile, inclusive, and emotional environments that invite connection through touch and presence.
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How would you describe your practice? My practice sits at the crossroads of visual art, social engagement, and sensory experience. I mostly work with fabrics and other soft materials to create large, touchable sculptures and installations that invite people to connect through both touch and emotion. I’m drawn to themes around society, gender, and mental health, and I see my work as a way to open conversations about how we feel and relate to one another. Collaboration is really important to me and I often work with local communities, weaving their thoughts, worries, and desires into the pieces. In the end, I want my work to break away from the “do not touch” rule that usually defines art spaces, and instead offer environments that are open, inclusive, and healing. Spaces where people can engage physically and emotionally, and maybe see a reflection of themselves in the process.
How do you define your work process? My process is both intuitive and collaborative. It often begins with dialogue, listening to people’s stories, concerns, and emotional landscapes, which then inform the conceptual framework of each piece. Material experimentation follows: I work hands-on with textiles, exploring their textures, flexibility, and emotional resonance to create soft, immersive forms that respond to the human body. The making process itself is slow and meditative, allowing space for reflection and adaptation. I often work on-site, allowing the space and the community to influence the final outcome. This open-ended, process-oriented approach transforms each project into a living system shaped by interaction, empathy, and continuous exchange.
How does narrative emerge in your work? Narrative in my work unfolds through material, touch, and participation rather than through linear storytelling. Each piece carries traces of the people and emotions that contributed to its creation. The shared thoughts, gestures, and sensations embedded in the fabric. The viewer’s interaction becomes part of the narrative, completing and reshaping it in real time. In this way, the stories I tell are not fixed; they are evolving, collective, and deeply human. The tactile quality of the materials functions as a language of empathy, enabling narratives of vulnerability, resilience, and connection to emerge through sensory experience.
To what extent do “error” or chance play a part in your practice? Error and chance play quite an important role in my process. I actually like to step on the error, to use it as a way to rethink and redefine the work. Often, something unexpected happens while I’m making a piece, and that “mistake” ends up changing the direction or the outcome completely. My works are rarely planned out perfectly from the start; they evolve through the process. I try to stay open to what the materials suggest, to how they behave or resist, and to what unfolds naturally. For me, those moments of unpredictability keep the work alive and honest. They remind me that creation is not about control, but about dialogue and discovery.
PINELOPI TRIANTAFYLLOU desenvolve uma prática artística interdisciplinar, cruzando arte visual, envolvimento social e experiência sensorial. Cria ambientes táteis, inclusivos e emotivos que convidam à ligação através do toque e da presença.
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Como descreverias a tua prática? A minha prática situa-se no cruzamento entre arte visual, envolvimento social e experiência sensorial. Trabalho sobretudo com tecidos e outros materiais macios para criar esculturas e instalações de grande escala, táteis, que convidam as pessoas a estabelecer ligações através do toque e da emoção. Sou atraída por temas ligados à sociedade, género e saúde mental, e vejo o meu trabalho como uma forma de iniciar conversas sobre como nos sentimos e relacionamos uns com os outros. A colaboração é muito importante para mim e trabalho frequentemente com comunidades locais, integrando nas peças os seus pensamentos, preocupações e desejos. No fim, quero que o meu trabalho se afaste da regra do “não tocar” que normalmente define os espaços de arte, oferecendo antes ambientes abertos, inclusivos e curativos. Espaços onde as pessoas possam envolver-se física e emocionalmente, e talvez encontrar um reflexo de si próprias no processo.
Como caracterizas o teu processo de trabalho? O meu processo é simultaneamente intuitivo e colaborativo. Geralmente começa com o diálogo, com histórias, preocupações e paisagens emocionais das pessoas, que depois compõem a base conceptual de cada peça. Segue-se a experimentação material: trabalho diretamente com têxteis, explorando as suas texturas, flexibilidade e ressonância emocional, para criar formas macias e imersivas que respondem ao corpo humano. O processo de criação é lento e meditativo, permitindo espaço para reflexão e adaptação. Muitas vezes trabalho no próprio local, deixando que o espaço e a comunidade influenciem o resultado final. Esta abordagem aberta e orientada pelo processo transforma cada projeto num sistema vivo, moldado pela interação, empatia e troca contínua.
De que forma surge a narrativa no teu trabalho? A narrativa no meu trabalho desenvolve-se através do material, do toque e da participação, mais do que através de uma história linear. Cada peça transporta vestígios das pessoas e emoções que contribuíram para a sua criação. Os pensamentos, gestos e sensações partilhados ficam inscritos no tecido. A interação do público torna-se parte da narrativa, completando-a e transformando-a em tempo real. Assim, as histórias que conto não são fixas; são evolutivas, colectivas e profundamente humanas. A qualidade táctil dos materiais funciona como uma linguagem de empatia, permitindo que narrativas de vulnerabilidade, resiliência e ligação apareçam através da experiência sensorial.
Até que ponto o “erro” ou o acaso fazem parte da tua prática? O erro e o acaso têm um papel bastante importante em todo o meu processo. Gosto de me apoiar no erro, de o usar como forma de repensar e redefinir o meu trabalho. Muitas vezes acontece algo inesperado enquanto estou a criar uma peça, e esse “erro” acaba por mudar completamente a direção ou o resultado. Raramente planeio as obras desde o início; elas evoluem ao longo do processo. Procuro manter-me aberta ao que os materiais sugerem, à forma como se comportam ou resistem, e ao que surge naturalmente. Para mim, esses momentos de imprevisibilidade mantêm o trabalho vivo e honesto. Lembram-me que criar não é controlar, mas dialogar e descobrir.